Em 2024, o Brasil completou 60 anos do golpe militar de 1964. Na madrugada do dia 31 de março, teve início um regime autoritário que se estenderia por 21 anos, mergulhando o país em um período de censura, repressão política, tortura e desaparecimentos forçados, algo que insiste na sua presença nos dias atuais.

O golpe, que depôs o presidente democraticamente eleito João Goulart, foi criticado pelos militares como uma forma de combater o “perigo comunista” e manter a ordem. No entanto, o que se seguiu foi a suspensão de direitos civis, o fechamento do Congresso, a imposição de Atos Institucionais e o controle dos meios de comunicação. Milhares de pessoas foram perseguidas por suas ideias, enquanto outras tantas lutaram bravamente para que a democracia fosse restaurada. A tortura e o assassinato sistemático de militantes políticos por órgãos de repressão política, como o DOI-Codi (Departamento de Operações Internas do Exército), o Cisa (Aeronáutica) e o Cenimar (Marinha), além dos DEOPS (Departamentos de Ordem Política e Social dos estados), passaram a ser uma política de Estado.

De acordo com levantamento feito pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), 210 pessoas que resistiram à ditadura estão até hoje desaparecidas, tendo sido localizados somente 33 corpos. Os agentes dos órgãos de repressão até agora identificados, responsáveis pelas torturas e assassinatos, totalizam 337. Nenhum deles foi punido. Dados levantados por diversas entidades de direitos humanos mostram cerca de 20 mil brasileiros foram torturados durante a ditadura. Além disso, houve 130 banidos, 4.862 cassados e centenas de camponeses e indígenas assassinados.

Pela grande censura imposta aos cidadãos, principalmente aos artistas, tais figuras se tornaram muito renomadas por apresentar um protesto contra o regime militar de forma implícita, como a música “Cálice” de Chico Buarque, e até mesmo as próprias fotografias, a fim de uma denúncia feita pelo povo para o próprio povo. Ainda assim, muitas músicas foram censuradas por apresentarem ofensas aos militares e apoiadores da opressão. A música popular brasileira, MPB, originou-se dentro desse período, vinda de uma bossa-nova com um ritmo mais acelerado e letras impactantes. Nomes desse estilo musical se fizeram presente dentro da ditadura militar assim como são até hoje.

No link abaixo, algumas músicas que representam e criticam a ditadura:

O nome “ditadura militar” é uma forma popular de se referir ao regime exposto, porém, seu nome correto é “ditadura empresarial-civil militar”. Esse conceito se da por uma reparação histórica quando olhamos para o momento onde o golpe de 1964 foi feito, e sua elaboração. Muitos civis apoiavam o regime militar desde o seu início, e ajudaram publicamente para o ocorrido, sendo esses civis três figuras brasileiras famosas, Roberto Carlos, Wilson Simonal e Agnaldo Timóteo. Tais apoios são nítidos quando Timóteo defende abertamente o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra e diz coisas “boas” sobre a ditadura, assim como a boa relação de Simonal e Roberto Carlos com os funcionários do DOPS e também o próprio governo da época.

A parte empresarial do golpe consiste no apoio material e de denúncia dos chefes das empresas para encaminhar seus empregados aos DOPS. Uma delas foi a Volkswagen, que participou ativamente no apoio, levando muito de seus funcionários para a sede citada anteriormente, onde eram brutalmente torturados, além de financiar o governo com seus carros, fazendo com que os representantes daquele sistema pudessem locomover-se por seus automóveis. A Volkswagen foi um caso extremamente aberto ao se fazer presente na ditadura, contanto, não foi a única, era na verdade só o começo, onde Johnson & Johnson, Caterpillar, Petrobras, Embraer e outras tiveram seu campo nesse envolvimento.

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