No último lançamento de Taylor Swift, The Tortured Poets Departament, ela entregou uma de suas obras mais cruas e emocionalmente intensas. Lançado como álbum duplo, em 31 faixas divididas entre as versões padrão e “The Anthology”, o projeto ultrapassaos limites da música pop e se posiciona quase como uma antologia poética, sobre reconstrução emocional, términos e identidade.

O álbum marca uma mudança de tom na carreira da cantora. Se em Midnights havia introspecção e nostalgia, aqui o que se destaca é a dor processada em tempo real, a mágoa ainda fresca e a tentativa de transformar sentimento em sentido.

Em “So Long London”, Taylor aborda o fim de um relacionamento marcado pelo esgotamento emocional. A faixa, construída sobre camadas minimalistas de produção , retrata o momento em que o amor se torna insustentável, mesmo quando ainda existe.

Já em “Florida!!!” , colaboração com Florence Welch (Florence + the Machine). A faixa é uma explosão dramática que mistura fuga, colapso e catarse. Aqui, a Flórida é menos um estado e mais um estado de espírito: um lugar onde se vai para desaparecer, para esquecer, ou até mesmo para renascer. Com vocais quase viscerais de Florence e um ritmo que flerta com o indie rock, a música simboliza o ápice da desorientação emocional do álbum, como se Taylor gritasse por um recomeço, mesmo sem saber exatamente para onde ir.

“But Daddy I Love Him”, a artista reflete sobre o amor impulsivo e a rebeldia emocional. A canção questiona os julgamentos externos e a imposição de expectativas sobre seus relacionamentos, com um tom confessional que à era Speak Now, mas com a maturidade de alguém que já viveu amores e desilusões públicas. No trecho “I´m having his baby / No i´m not but you should see your faces”, Taylor desafia os julgamentos que recebe, ao mesmo tempo que deixa claro que se sente controlada.

“Who’s Afraid of Little Old Me?” é talvez uma das faixas mais simbólicas do álbum. Aqui, Taylor se coloca como uma figura que assusta, incomoda e desafia — não por querer, mas por existir com intensidade. A letra “You wouldn´t last an hour in the asylum where they raised me” é uma resposta à mídia, à fama, e também às relações que não souberam lidar com sua vulnerabilidade, e em como esperam que ela seja dócil, mesmo após tanto sofrimento.

Fechando o 1° álbum, “Clara Bow” conecta passado e presente ao refletir sobre o ciclo de substituição de mulheres na indústria. Ao citar ícones como Clara Bow e Stevie Nicks, Taylor expõe a pressão de sempre ter que ser “a próxima” — e a sensação de nunca ser o suficiente, mesmo sendo tudo.

Se o primeiro álbum já soava como um diário íntimo, sua extensão “The Anthology” é o baú emocional onde ficam guardadas as cartas que nunca foram enviadas, e os amores que nunca cicatrizaram de verdade. Esse segundo álbum mostra um lado mais literário de Taylor Swift, e deixa de lado os refrões grandiosos para apostar em melodias delicadas.

Em “The Black Dog”, Taylor fala sobre o abandono e repetição emocional. O título faz alusão à metáfora clássica da depressão como um “cão negro” que te segue, e a letra descreve a dor de ver alguém seguir em frente sem sequer olhar para trás.

“How Did It End?” é uma canção introspectiva sobre finais confusos e a tentativa de entender onde tudo desandou. Taylor não grita, pergunta, e na sua pergunta, está o eco de milhares de corações que ficaram presos na dúvida: “foi minha culpa?”.

Por fim, em “Peter”, Taylor brinca com a metáfora de Peter Pan para falar de um amor que nunca amadureceu. Ela é Wendy (ou uma versão dela que cansou de esperar. O trecho “You said you were gonna grow up, then you were gonna come find me”, mostra um tom de lamento, mas também de libertação: Ela escolhe crescer, mesmo que isso signifique deixar o outro para trás.

The Tortured Poets Department e The Anthology são acima de tudo, álbuns sobre tentar entender o caos dentro de si. Sobre ser poeta e paciente, vítima e vilã, sobrevivente e artista, e refletir os seus próprios finais mal resolvidos. Ao transformar sua dor em arte, Taylor Swift reafirma seu talento como cronista de sentimentos complexos, e convida o ouvinte a fazer parte de seu departamento particular de corações partidos.

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